A obtenção do diploma de Medicina estará condicionada, a partir de
2020, à aprovação em uma avaliação dos estudantes, informou nesta
sexta-feira, 1º, o Ministério da Educação (MEC). As provas serão
aplicadas em caráter pedagógico a alunos dos 2.º e 4.º anos de
faculdade; no 6.º ano, porém, quem não atingir a nota de corte não
poderá se formar.
Cerca de 20 mil estudantes que ingressaram nos cursos de Medicina em
2015 já devem ser submetidos em agosto ao exame do 2.º ano, aplicado
pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira (Inep). A medida responde a uma resolução do Conselho Nacional
de Educação (CNE) publicada em 2014 e estimava um prazo de dois anos
para sua implementação.
A norma do CNE foi aprovada após discussões envolvendo a Lei
12.871/2013, que instituiu o Programa Mais Médicos, e previa aumento no
número de vagas de residência – para tanto também se propôs a
obrigatoriedade de uma parte do estágio ser cumprido no Sistema Único de
Saúde (SUS).
A Avaliação Nacional Seriada dos Estudantes de Medicina (Anasem) será
um componente curricular obrigatório e os alunos e as instituições que
não se inscreverem ou não participarem estarão sujeitos a “penalidades”
que ainda não foram definidas. O conteúdo da prova será nos moldes do
Revalida – exame que certifica diplomas médicos expedidos por
instituições estrangeiras para que passem a valer também no Brasil.
“Isso vai permitir que as escolas de Medicina acompanhem a evolução de
seus alunos e trabalhem para melhorar seu processo de formação”, disse o
reitor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Henry Campos, da
subcomissão do Revalida.
No ano final, além de uma prova de conhecimentos médicos, haverá uma
segunda etapa que avaliará as habilidades clínicas do formando. O
governo criou ainda uma Comissão Assessora da Avaliação, com
participação do Ministério da Saúde e do Conselho Federal de Medicina
(CFM). A comissão poderá definir também se a avaliação aplicada aos
estudantes contará para avaliar cursos de Medicina.
Procurado, o CFM informou que, apesar de desconhecer evidências
científicas que comprovem a eficácia da aplicação de exames do gênero,
apoia a análise. “Esta é a única opção que possibilita a correção de
rumos no processo de formação.”
Avaliação. Segundo o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, “o
exame possibilita que problemas sejam corrigidos ao longo da formação do
aluno, que terá um parâmetro para saber como está se saindo”. “Vamos
ter um salto de qualidade.”
A nota de corte final vai variar de acordo com a prova. O escore é
definido da seguinte maneira: um painel de educadores médicos, que não
participaram da elaboração do exame, se debruça sobre as duas etapas do
exame e, com base em seu conteúdo, estabelecem o porcentual de acertos
esperados para um aluno considerado “médio”. Além da residência médica,
outros programas de pós-graduação podem optar por considerar a nota. A
reprovação também impossibilitará a solicitação de registro
profissional.
Estadão
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