terça-feira, 5 de abril de 2016

TERCEIRA VIA: PRÉ-CANDIDATURA

ARTIGO: TERCEIRA VIA: PRÉ-CANDIDATURA


Antônio Paiva Filho


Ingressei na política no ano de 1976, quando fui eleito vice-prefeito do Município de Itambé na chapa encabeçada por Fred Carrazzoni. Neste mesmo ano assumi, em virtude de concurso público, o cargo de tabelião do 2.º Cartório de Notas e Escrivania da Comarca de Exu/PE, sendo posteriormente promovido para o 2.º Cartório de Notas e de Protestos da Comarca de Itambé, exercendo dito cargo até hoje. Em diversas oportunidades o meu nome foi lembrado para disputar o cargo de prefeito de Itambé. Embora tivesse uma trajetória de fidelidade e lealdade, por quase 40 anos, ao grupo político liderado pelo ex-prefeito Fred Carrazzoni, havia uma resistência no núcleo familiar ao meu nome, que eu então desconhecia, talvez por desconfiarem, com razão, de que eu não me submeteria a servir de “pau mandado” nem “fantoche” manietado pela Corte do Monge. 

Em 2004, havia uma acirrada disputa entre Josmar Dias (Mago de Ibiranga) e Zuca de Caricé, ambos querendo compor a chapa de Fred Carrazzoni como candidato a vice-prefeito. Na beira da piscina da mansão do Monge, sob o testemunho de Guilherme Carrazzoni e José Antônio Ferreira, Fred Carrazzoni me convidou para novamente ser candidato a vice-prefeito em sua chapa, tendo eu declinado do convite, sugerindo o nome de Mago de Ibiranga, que foi aceito prontamente. Em 2008 (reeleição de Fred) houve um movimento dentro do grupo político para que meu nome integrasse a chapa como candidato a vice-prefeito, substituindo Mago, ante o seu fraco desempenho no cargo. Várias pessoas influentes me visitaram e davam como certa minha indicação para disputar o cargo, porém, de última hora, foi indicado Anabel Soares. Não pleiteei nem fui convidado, logo não me restou qualquer mágoa. Entretanto, percebi depois que havia sido “fritado” pelo núcleo familiar. 

Nessa eleição de 2008 formou-se um grupo político para levar Armando Pimentel, prefeito de Camutanga, a entrar na disputa em Itambé. Soube-se depois que teria havido um acordo entre Fred e Armando, promovido por um influente amigo comum, com Armando abdicando da disputa em troca do apoio de Fred ao seu nome na eleição seguinte. O suposto acordo foi quebrado também por influência do núcleo familiar fredista. Em conversa comigo, Fred afirmou que não confiava em Armando Pimentel, porquanto tinha certeza que Armando desprestigiaria o “seu pessoal”. O “seu pessoal” que ele tanto queria preservar era justamente as “figurinhas carimbadas”, os apaniguados, o “Fulano da Água”, o “Beltrano da Garagem”, o “Sicrano de Obras”, aquela cristã nova, adesista, interesseira, desagregadora, que outrora usava termos ofensivos como “ladrão”, “rato”, “câncer”, porém hoje é festejada e aclamada como rainha dos remanescentes, com lugar de destaque na Corte do Monge, depois de perdoada pelas ofensas. E o tempo foi passando. 

Em setembro de 2011 recebi telefonema do prefeito Fred me convidando para uma reunião no Engenho Monge com os pré-candidatos à eleição de 2012, para definição partidária. Disse que mandaria me pegar na minha residência, o que fez através de seu Secretário de Obras Beto Cabral. Logo que cheguei ao engenho, já presentes quase todos os pré-candidatos a vereador, Fred me chama e me conduz até a frente do alpendre de sua residência, fazendo o convite para que eu fosse candidato a prefeito, com seu apoio e de todo o grupo. Disse que eu não precisava responder naquele momento e que também não iria anunciar a candidatura naquela hora, tendo ficado acertado de termos uma conversa no dia seguinte. O dia seguinte dura até hoje. Não mais me procurou, nem para reiterar nem para retirar o convite feito. Não me deu a oportunidade de dizer se aceitava ou não o convite. Surpreendentemente também deixou de falar comigo. Mesmo sem ter dito a ninguém do convite recebido, meu nome passou a circular na cidade como provável candidato do grupo político. Passei a perceber claramente que meu nome havia sido “fritado”, dizem que mais uma vez pelo núcleo familiar, quando o prefeito fez distribuição de Alvarás de Licença de Construção do Loteamento Novo Itambé, no Ginásio de Esportes, e promoveu o Itambé Fest na Praça de Eventos, sem me convidar para participar de ambos, como usualmente fazia em situação semelhante.

No mesmo Itambé Fest o sobrinho Frederico Goes se insinuou candidato a prefeito, certamente com a anuência do tio prefeito e de sua família. Ao tomar conhecimento de tal fato, fiz o que qualquer pessoa honrada e digna faria: solicitei o meu desligamento do PDT, partido ao qual havia me filiado a pedido de Fred, selando o meu afastamento definitivo do grupo político, e, ao mesmo tempo, não permitindo que meu nome fosse mais especulado para a disputa, uma vez que, sem filiação partidária, estava inelegível para o pleito de 2012. Sinceramente, não me causou qualquer frustração o fato de não ter sido candidato, porquanto nunca pleiteei, nunca me insinuei, nem nunca me articulei com esse objetivo. Entrei e saí daquele do grupo político com as mãos limpas, sem nunca ter auferido benefícios ilegais, em função de minha ligação de estreita amizade com o prefeito Fred, em todos os seus mandatos. Tenho o maior orgulho da minha atitude de me afastar do grupo, não sei se ele, Fred, também tem do seu procedimento. Anunciei então que não teria qualquer participação na eleição de 2012 e que votaria em branco para prefeito, porém, por razões óbvias, acabei votando no prefeito Bruno Ribeiro. Votei e não me arrependo do voto.

 Antônio Paiva Filho


Bruno Ribeiro, jovem, com curso superior, que tinha pai, mãe, tio e primo que haviam sido prefeito, reunia tudo para fazer uma boa gestão, uma vez que podia avaliar acertos e erros dessas gestões familiares. Decepcionou a todos. Creio que a outra opção de voto seria tão desastrada quanto a do atual prefeito Bruno Ribeiro. Como não tenho rabo preso a ninguém, passei a cobrar os desmandos do “Governo de Todos”, fazendo-lhe oposição dura, porém séria e responsável. O destino traça os nossos caminhos de maneira caprichosa, tanto nas coincidências que arma, como nos desvios que nos impõe. O grupo político que se tentou formar em 2008, sob a liderança de Armando Pimentel, abortado em virtude de acordo que depois não foi honrado, ressurgiu em 2014 com a denominação de “Terceira Via”, agora com o inconformismo de ver Itambé mergulhada no atraso, experimentando a mesmice do nada por longos e cansativos 44 anos de domínio das oligarquias familiares (30 anos da família Carrazzoni e 14 anos da família Ribeiro). Desde então me integrei a este grupo, com o objetivo claro e definido de melhorar a qualidade de vida da população e juntar forças para impulsionar o desenvolvimento do Município. O grupo está unido e obstinado nesse desiderato. É composto de pessoas humildes, modestas, porém honradas. 


 Vários integrantes da “Terceira Via” foram tentados e peitados com propostas mirabolantes para cooptá-los, por quase todos os demais grupos políticos. Nenhum deles se dispôs a deixar o grupo. Digo com o maior orgulho, por puro idealismo, posto que sabem todos que a proposta da “Terceira Via” não tem suporte em atrativos financeiros, assim como em práticas clientelistas e atrasadas das oligarquias e dos novos grupos que se formaram no Município. Itambé hoje está consciente de que os rios de dinheiro que são gastos nas campanhas eleitorais, na cooptação de pseudos líderes, nas festinhas promovidas, na distribuição de presentes e mimos, é o dinheiro que depois vai faltar na saúde, na educação, na habitação, na segurança, no abastecimento d´água, na mobilidade, no saneamento básico, etc, deixando a população abandonada e desprotegida. Então, esse grupo de amigos, reunidos, me honrou com o convite para, como pré-candidato a prefeito de Itambé, na eleição de outubro próximo, ser a liderança para promover as mudanças que a população tanto almeja e merece, com ética, competência, transparência, decência e honradez. A confiança em mim depositada neste momento tão importante para a vida política de Itambé deixou-me extremamente honrado, muito, muito mais mesmo, mais até do que quando tive o meu nome retirado do bolso da algibeira do Coronel do Monge.

POR ANTÔNIO PAIVA FILHO (TABELIÃO DO 2° CARTÓRIO DE NOTAS E DE PROTESTOS DE ITAMBÉ-PE)

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