O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), confirmou hoje (11)
que vai dar continuidade à instalação da comissão especial que vai
analisar o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff
na próxima quinta-feira (17). A ideia é esperar a resposta do Supremo
Tribunal Federal (STF) aos recursos sobre o rito do processo, que deve
sair na quarta-feira (16).
O processo está parado depois que
ministros do STF anularam a eleição de uma chapa alternativa para a
comissão. A chapa não foi indicada por líderes da Câmara.
“O
processo volta ao curso da continuidade. Se respeitar todo o cronograma
que se tem estipulado na lei e no Regimento [Interno], começando na
quinta, é possível [votar em 45 dias]. Depende de outros fatores, como
obstrução, recursos à Justiça. Mas se seguir o rito: instalar comissão,
prazo de defesa, prazo para plenário, 45 dias é o prazo razoável”, disse
Cunha.
Esta semana, ministros da Corte confirmaram que vão julgar
no dia 16 o recurso que pede a mudança do julgamento sobre as regras de
tramitação do processo de impeachment, definidas em dezembro
do ano passado. Cunha defende votação aberta para eleição da comissão e a
obrigatoriedade do Senado dar prosseguimento ao processo iniciado na
Câmara.
Lula
Perguntado sobre o pedido de prisão
preventiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentando pelo
Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP), Eduardo Cunha disse
que não leu a peça elaborada pelos promotores Cássio Conserino, José
Carlos Blat e Fernando Henrique Moraes de Araújo.
“Aparentemente,
sem eu ler, parece um pouco exagerada a medida. Tudo o que é exagerado
não é bom. Tudo tem seu ritmo e deve sempre respeitar a legalidade, mas
eu não li”, disse. Apesar disto, o peemedebista disse que não acredita
que o anúncio sobre o pedido de prisão possa acirrar os ânimos durante
as manifestações pró-impeachment, que ocorrerão neste domingo (11).
Mais
cedo, o vice-líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS), disse que o
pedido de prisão preventiva é parte de um “golpe jurídico midiático”.
“Sugerir que uma liderança política do país, seja quem for, deve ser
presa porque sua liderança mobiliza pessoas, incentiva manifestações, é
como propor estado de sítio. Há um processo sendo construído no país de
um golpe jurídico-midiático, de setores da oposição que encontraram
aliados na burocracia do Estado, dentro do MPF, do Poder Judiciário e da
Polícia Federal que atuam politicamente”, afirmou.
Para Pimenta,
não há dúvida de que a decisão dos promotores teve a intenção de “jogar
mais lenha na fogueira”. “O clima de violência e insegurança é causado
por falta de uma postura republicana dos investigadores que
transformaram seus cargos, em cargos de liderança partidária e vamos
denunciar isto. Se o promotor de São Paulo acha que falar isto é motivo
para prisão, vai faltar cadeia no país. Vamos denunciar todos os dias a
parcialidade”, completou.
O PT está reunido em São Paulo hoje.
Segundo Paulo Pimenta, o clima dentro do partido é de tranquilidade. Ele
afirmou que Lula, mesmo “indignado”, também está confiante na Justiça
que vai decidir se aceita o pedido e a denúncia. Não há data para a
Justiça tomar a decisão.
Agência Brasil
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