quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Lula reclama de campanha agressiva contra o PT, e prega o fim do preconceito contra os mais pobres

Em vídeo divulgado no site do Instituto Lula, o ex-presidente diz que há um equivoco das pessoas que não aceitam as políticas sociais

Foto: Divulgação
SÃO PAULO - Depois de uma campanha eleitoral acirrada em que chamou de ‘playboy’ e ‘filho de papai’ candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva postou nesta quarta-feira no site do Instituto Lula um vídeo em que conclama os brasileiros a compreenderem o alcance dos programas sociais, como o Bolsa-Família, e que deixem de alimentar o preconceito e o ódio contra as pessoas menos favorecidas. Dentro do PT, Lula já é franco favorito para a sucessão de Dilma Rousseff em 2018.
Com duração de 8m24s, Lula diz no vídeo que a reeleição de Dilma trouxe uma lição para a democracia brasileira, de que o povo sabe o que quer, mas que a campanha foi uma das mais agressivas contra o PT.
— O comportamento da sociedade consolidou a democracia. Mas como petista, a gente percebeu que houve uma campanha de agressão ao PT como em nenhum momento da história. Uma coisa muito dura contra o PT. Ao ponto de Aécio dizer que era preciso acabar com o PT, tirar o PT do poder. O povo brasileiro deu uma lição de política aos políticos. O povo sabe o que quer e por isso meu coração está mais leve —disse Lula.
Para ele, a eleição deu voz aos menos favorecidos, de uma nova classe social que agora tem possibilidade de andar de avião e de ter acesso a computadores, banda larga e internet.
— Essas pessoas são eleitoras da Dilma, mas não tem curral eleitoral em função de classes sociais. Se trabalhou contra o Bolsa-Família, vi muita gente falando mal do Bolsa-Família. Mas temos que pensar o que seria o Brasil sem o Bolsa-Família. Basta ver o que era São Paulo há dez anos. Você parava nos semáforos e via dezenas de crianças de 6, 7 anos de idade pedindo esmola. Hoje na periferia tem malabaristas fazendo coisas fantásticas. A miséria absoluta acabou.


Segundo Lula, a própria classe média ganhou com isso, porque essas pessoas passaram a consumir mais.
— Todo mundo ganhou com a ascensão das pessoas mais humildes. Todo mundo subiu um pouco. Na medida que essas pessoas subiram um degrau na escala social, todo mundo subiu um pouco —disse Lula, ao questionar:
— Em que momento da história os empresários ganharam tanto dinheiro neste país? Em que momento da história os banqueiros ganharam tanto neste país? Então, temos que ter a compreensão ideológica, mas ao invés de ficarem ressentidas, as pessoas têm que debater. Quando fizemos um programa social de transferência de renda, incluímos uma grande camada social que nunca participou do Orçamento da União. Antes, não tinha pobre no Orçamento. Foi aí que deu o salto de 40 milhões de pessoas que ascenderam de classe social. As pessoas estão se vestindo melhor, comendo melhor - analisou o ex-presidente.

“PATROA NÃO TEM QUE FICAR COM RAIVA”
Lula acha que houve certo preconceito dos mais ricos para com os mais pobres.
— Quando nós regulamentamos as empregadas domésticas, demos cidadania a um setor da sociedade. A patroa não tem que ficar com raiva. Tem que ficar feliz porque a empregada progrediu, está usando uma roupa melhor, comprando algo melhor no supermercado. Isso deveria ser motivo de felicidade. Se não for assim, só posso compreender isso como preconceito.
Já com um discurso de campanha eleitoral, Lula diz que a repartição dos espaços públicos por todos “é uma conquista social e universal da democracia”. Segundo ele, “todos têm que ter igualdade de condições”.
— Quando uma prefeitura trata bem uma favela, leva água e luz de graça, tem gente que reclama, mas a gente leva porque essas pessoas não tiveram a mesma oportunidade. Cabe ao Estado estender a primeira mão e a sociedade estender a segunda mão, para a gente tirar todo mundo de baixo e ajudar a subir um degrau. Todos têm direito a viver um padrão de vida decente e digno.

O ex-presidente diz no vídeo que há um equivoco das pessoas que se opõem às políticas sociais.
— Eles deveriam agradecer a Deus. Essas políticas sociais elevaram a vida das pessoas. Temos que ter mais generosidade e menos preconceito. Isso vai fazer um bem imenso neste país. Desejamos um Brasil mais sólido e mais justo. Uma pessoa que vive na rua não é pior que a gente. Só não teve as mesmas oportunidades. Ao invés da gente menosprezar ou desprezar, a gente deveria estender a mão para que essa pessoa conquiste a cidadania.
Para Lula, a sociedade não deveria alimentar o ódio e o preconceito.
— Uma pessoa que alimentar o ódio pode acabar doente, com uma úlcera. Não é possível ser feliz sozinho. Para você que tem preconceito, que acha que só você tem direitos, abra seu coração, dê uma chance para as outras pessoas terem o que você já tem - pregou em tom de “Lulinha paz e amor”.


Fonte: O Globo

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