segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Crivella não reconhece derrota e diz esperar cassação de registro de adversário

Em entrevista na sede do partido, Marcelo Crivella disse respeitar o resultado das urnas, mas espera decisão judicial

Foto: Divulgação

RIO - O candidato do PRB ao governo do Rio, Marcelo Crivella, não reconheceu neste domingo a derrota para o governador reeleito Luiz Fernando Pezão (PMDB). Em entrevista na sede do partido, no Centro do Rio, Crivella disse respeitar o resultado das urnas, mas espera que o registro de Pezão seja cassado. Segundo Crivella, há 13 processos contra o peemedebista no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ), a maioria por abuso de poder econômico. Em caso de absolvição do adversário, ele afirmou que vai recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ao Supremo Tribunal Federal (STF).

— Tivemos quase 3,5 milhões de votos. Em nome dos eleitores, nós temos que ir à Justiça porque há 13 pedidos de cassação de registro de candidatura do nosso adversário por abuso de poder econômico, por abuso de poder político, por uso da máquina. E isso tudo não foi julgado ainda. De tal maneira que eu acho prematuro qualquer tipo de celebração do PMDB. Se não vencermos aqui, vamos recorrer a Brasília. Nós respeitamos a decisão soberana do povo expressa nas urnas desde que as eleições sejam de acordo com as regras e essas não foram - disse ele.
Para Crivella, é preciso que os processos sejam "esclarecidos":

— Todos os partidos que concorreram se sentiram prejudicados e querem uma resposta. O corregedor tem que falar. Agora, dos 13 pedidos, nove são da própria Procuradoria Regional Eleitoral, que identificou doações absurdas de dinheiro para a campanha (de Pezão) de empresas que foram beneficiadas pelo governo do estado. Isso precisa ser esclarecido e o momento é agora. Se não for esclarecido aqui (no TRE-RJ), vamos recorrer a Brasília. Em nome dos 3,5 milhões de votos, é um dever nosso de buscar na Justiça que as regras sejam cumpridas e obedecidas.
Segundo Crivella, a tática do PMDB de Pezão de atacá-lo ao tentar associá-lo à Universal contribuiu para a derrota:
— O Pezão, preocupado em perder, acabou misturando política com religião. Isso eu não fiz. Tenho centenas de pastores que são meus amigos, espíritas, católicos. Mas preferir não pôr ninguém na televisão (na propaganda eleitoral).
Crivella estava ao lado da mulher Sylvia Jane, do filho Marcelo, da nora Maressa e de assessores, que o aplaudiram quando o senador e o bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd) chegou ao local. Ele agradeceu os apoios no segundo turno dos também candidatos derrotados Anthony Garotinho (PR) e Lindbergh Farias (PT).

Inicialmente, Crivella não daria entrevista coletiva. A missão foi dada ao vice na chapa, o general do Exército, José Alberto da Costa Abreu, que fez um pronunciamento de apenas três minutos.
— O Crivella se encontra caminhando por municípios da Baixada Fluminense, agradecendo aos eleitores que confiaram no nosso trabalho. Quero dizer que estamos contentes. Não pela derrota, mas pelo trabalho realizado. Queremos agradecer os mais de três milhões de eleitores que votaram no Crivella — disse Abreu para, em seguida, a assessoria de imprensa informar que Crivella estava em casa, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste.
General Abreu, como é conhecido, lembrou que a campanha de Crivella foi "difícil", com "poucos recursos".


Após votar em Copacabana, na Zona Sul, Crivella caminhou em favelas no Complexo do Jacarezinho, na Zona Norte, e, depois, percorreu cidades da Baixada Fluminense até o fim da votação, às 17h. Em seguida, ele foi para a residência com a família para acompanhar a apuração.
Crivella disse pela manhã, que não tinha conhecimento sobre os reiterados pedidos de votos a ele feitos por bispos da Iurd.
Na noite de sábado, a fiscalização do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ) lacrou a Catedral da Fé da Universal em Del Castilho. De acordo com o TRE, no local foram apreendidos material de campanha de Crivella e fichas de cadastro dos fiéis. Também no sábado, a Iurd de Duque de Caxias, na Baixada, já havia sido interditada pelo mesmo motivo. Para Crivella, quem misturou política com religião foi seu adversário, o candidato Luiz Fernando Pezão (PMDB).
— Decisão da Justiça não se discute, se cumpre. Claro que não (sabia). Em todas as campanhas eu peço que as igrejas não façam política. O Pezão fez isso, foi em todas as igrejas. Botou pastor na propaganda dele, coisa que eu nunca fiz. São coisas que são alheias ao candidato - disse Crivella, logo após ter votado.


Fonte: O Globo

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