sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Mortes por ebola chegam a quatro mil, segundo a OMS

Ao todo, mais de 8,3 mil pessoas já contraíram o vírus desde março

                                                       Foto: Reprodução
Agentes de saúde enterram corpo de vítima de ebola em Freetown, em Serra Leoa - FLORIAN PLAUCHEUR / AFP

RIO - No mesmo dia em que o Brasil ficou apreensivo com a suspeita de que o vírus ebola tenha chegado ao país, o número de mortes provocadas pelo vírus ebola já ultrapassou a barreira dos quatro mil, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). De acordo com o último relatório do órgão, divulgado nesta sexta-feira (10), já foram registrados 8.399 casos de contágio, que resultaram em 4.033 vítimas fatais. Todos os pacientes foram contabilizados na Guiné, Libéria, Nigéria, Senegal, Serra Leoa, Espanha e Estados Unidos. Um total de 416 profissionais de saúde estão entre os que contraíram o vírus enquanto trabalhavam na contenção da epidemia. Destes, 233 morreram, segundo a OMS. Uma das profissionais de saúde infectadas foi a auxiliar de enfermagem espanhola Teresa Romero, que permanece isolada em um quarto no Hospital Carlos III, em Madrid. Autoridades do governo espanhol aproveitaram o caso para anunciar medidas de contenção à epidemia. De acordo com a vice-premiê, Soraya Saenz de Santamaria, será criada uma comissão especial para coordenar esforços de contenção do surto. Mais sete pessoas estão sendo monitoradas por suspeita de ebola no país. Dentre elas, duas cabeleireiras que entraram em contato com Romero. Mas as medidas não serviram para acalmar os ânimos dos espanhois. Agentes de saúde do hospital Hospital Carlos III vaiaram nesta sexta-feira o primeiro-ministro, Mariano Rajoy, e alvejaram seu carro com luvas cirúrgicas ontem. Sindicatos acusam o governo de tentar desviar a culpa das falhas de seu sistema de saúde para a enfermeira. Os agentes de saúde que vêm protestando do lado de fora do hospital durante a semana assediaram Rajoy quando ele deixou a coletiva de imprensa.
           Os números do relatório vêm ao mesmo tempo em que o parlamento da Libéria se recusou a conceder poderes adicionais à presidente Ellen Johnson Sirleaf para lidar com a crise de saúde. O governo local já declarou estado de emergência no país, o que abre espaço para impor quarentenas. O deputado Bhofal Chambers advertiu que poderes extras poderiam transformar a Libéria em um "estado policial"

Já nos Estados Unidos, o cinegrafista americano Ashoka Mukpo, de 33 anos, apresentou uma leve melhora em seu quadro de saúde ontem. Ele foi infectado com ebola enquanto trabalhava na Libéria como freelancer para a rede de TV NBC News. Mukpo chegou ao Centro Médico de Nebraska na última seguinda e conseguiu descer sozinho do avião.

O jornalista recebeu um medicamento antiviral experimental chamado “brincidofovir” e uma transfusão de sangue de Kent Brantly, um médico que sobreviveu à doença, após se infectar durante trabalho missionário no oeste da África. Mukpo foi o quinto americano contaminado no continente africano e que retornou aos Estados Unidos com a ajuda do Departamento de Estado. Na quarta, o liberiano Thomas Eric Duncan, a primeira pessoa diagnosticada com ebola fora da África, morreu da doença em um hospital do Texas.

OMS NÃO PREVIU MAGNITUDE DA EPIDEMIA
Em entrevista à rede britânica BBC, Chris Dye, alto funcionário da OMS, afirmou que nem a organização nem especialistas em infectologia esperavam uma epidemia dessas proporções. Segundo ele, a ajuda da comunidade internacional está começando a produzir os primeiros efeitos positivos para conter o surto. Para Dye, o importante agora é “olhar para frente”.
- Pedimos para uma ajuda de cerca de US $ 1 bilhão e até agora nós temos em torno de US $ 300 milhões, além de outra quantia que já nos foi prometida. É ainda pouco menos da metade do que precisaríamos, mas as doações estão crescendo rapidamente o tempo todo - disse ele.
Em abril, a organização Médicos Médicos Sem Fronteiras (MSF) já havia alertado para a possível disseminação do vírus. No entanto, naquele momento, a OMS minimizou as alegações, dizendo que o ebola não era nem uma epidemia, nem era “sem precedentes”. Ontem, a MSF alertou para um aumento “acentuado” de casos na capital guineense, Conakry, afastando as esperanças de que a doença estava sendo estabilizado na região.

Fonte: O Globo

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